“Eu deixei o Grêmio porque o planejamento que nós tínhamos no ano
passado, junto ao doutor Fábio Koff, que havia imaginado uma situação um
pouco mais difícil do que aconteceu. E que o Grêmio estava em 11º muito
próximo da linha de descenso. Quando eu vim ao Grêmio, a primeira
solicitação passada para nós é que tirássemos o Grêmio daquela situação
de dificuldade e brigássemos por uma situação melhor. E aconteceu.
Chegamos a estar quase entre os classificados para a Libertadores. E nos
últimos quatro jogos do ano passado é que deixamos escorrer essa
situação pelas mãos e não classificamos. Então, o objetivo naquele
momento do doutro Fábio foi atingido. Só que num segundo objetivo, para
que nós tivéssemos um ano tranquilo e projetos para o ano de 2015, que
era a conquista do título Gaúcho, eu não consegui. E fiquei em débito
junto ao doutro Fábio. Que não nos acompanhou mais por estar muito
doente. E ficou esta situação de débito. E eu achei que em débito
deveria conversar com o presidente atual e colocar o meu cargo à
disposição”.
PROBLEMAS COM A DIRETORIA
“Eu tenho um relacionamento normal com o presidente Romildo e com a
direção de futebol. Eu tenho um relacionamento como sempre tive com
outros dirigentes e presidentes. Mas naturalmente que o meu
relacionamento com o doutor Fábio, que foi quem me fez voltar ao futebol
do Grêmio no ano passado, era um pouco diferente. Nós tínhamos alguma
sintonia um pouco maior. E é normal que o Romildo assumindo agora como
presidente, ele tenha as suas ideias e possa pô-las em prática de uma ou
outra forma. E quando eu senti que tinha um ruído, que existem algumas
facções dentro do Grêmio e que esta bastante dividido no sentido de
pensamento. Eu ouvia essa ressonância em relação muitas vezes ao meu
grupo de trabalho, ao salário, à discordância em relação a determinados
jogadores, eu achei que isso era normal. E é normal da minha parte. E
muito mais normal da minha parte, porque eu também sou gremista de que
eu colocasse à disposição o cargo ao presidente. Nós temos um bom
relacionamento. Mas eu entendia que seria interessante colocar porque eu
acho que pode seguir uma linha diferente porque cada um tem uma ideia
quando assume uma entidade. O Grêmio de hoje não é o mesmo ambiente do
Grêmio de dez anos atrás, ou cinco anos atrás. O Grêmio com problemas de
facções. Muita gente dividida em relação à muitas coisas. E aí fica um
pouco mais difícil de dirigir. Foi isso o que aconteceu”.
NENHUM PROBLEMA DE VESTIÁRIO
“Pelo que eu saiba não. Mas havia sim sempre notícias de que tínhamos
problemas de vestiários, ou que tínhamos problemas disso ou daquilo.
Porque muitas das situações não eram vividas por pessoas que passavam
informações que não eram corretas. Os jogadores sempre souberam daquilo
que iria acontecer. Ainda hoje na minha despedida, eu falei a todos os
jogadores que o Grêmio tem um bom grupo, mas que para disputar um
Campeonato Brasileiro ainda faltavam uns dois ou três jogadores para que
a disputa fosse mais igual e mais parelha com alguns outros clubes. É
muito bom ter uma equipe e jogadores com mais vivência e boa qualidade
junto com os que já estão na equipe porque é um campeonato muito longo. E
aí dariam mais possibilidades a quem já tem essas qualidades. Eu nunca
escondi isso deles. Muitas vezes foram colocadas algumas notícias por
pessoas que tem algum ou outro interesse que não são verdadeiras. Eu não
via nenhum problema em relação a isso no vestiário. Eles sabiam de
todas as decisões que nós íamos tomar junto a direção. Inclusive, é bom
se frisar, que quando se manifestam de que o nosso diretor Rui Costa fez
algumas contratações erradas, não foi ele quem fez as contratações. As
contratações foram feitas com a minha concordância. E eu era o técnico.
Então, se os erros aconteceram, aconteceram porque eu entendia que esses
jogadores contratados podiam render. Se não renderam, o errado fui eu”.
PROBLEMAS POLÍTICOS
“Existem grupos interessados em fazer essa substituição porque outros
grupos vão tomar conta do poder. Este é um problema que já não era mais
da minha alçada e não é da minha alçada, mas que está acontecendo e
acontecerá. Provavelmente o Romildo vai ter que se cuidar muito bem
dessa parte. O resto, quando não se tem o resultado desejado, como foi o
do meu resultado no Campeonato Gaúcho, que eu prometi ao doutor Fábio e
não consegui, eu acho que tenho um débito e esse débito estou pagando
saindo do Grêmio. E pedindo a demissão, o Grêmio não tem ônus nenhum.
Isso que eu quero frisar mais uma vez. Não quero ônus de alguém. Eu
quero deixar o Grêmio em condições e possibilidades de até boas
contratações se assim quiser. Porque aí será melhor para o Grêmio. Eu
como gremista gostaria de ver muito mais. Um Grêmio muito melhor”.
Luiz Felipe Scolari
Depoimento em áudio a Agência Fellegger
Material a disposição no site www.fellegger.com.br
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